O blog TAVERNA DOS PETULANTES é formado por seis amigos, todos estudantes da Turma 85 do curso de medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que tem como intenção escrever sobre variedades, ou seja, um espaço aberto, sem delimitações ou barreiras. Aqui você encontrará de tudo um pouco nas nossas colunas, onde cada um tem a liberdade de escrever sobre o que quiser. Mas nossa principal intenção é aumentar a voz de quem quer falar, não hesitando em nada. Somos jovens e livres, temos que aproveitar esses dois fatores, e temos como principal intenção levar a verdade ao leitor, menos do que isso não é decente. Como a TAVERNA DOS PETULANTES é um espaço aberto, sinta-se a vontade para opinar, criticar, colaborar, corrigir, elogiar (falar mal também), esse espaço é seu, leitor, somos apenas seus humildes e queridos empregados. Desde já agradecemos a todos que nos visitarem.

Para uma melhor visualização do blog não utilize o Internet Explorer, pois ele bloqueia misteriosamente nossa foto de abertura. Obrigado!

Siga-nos no twitter: @ospetulantes

Contato: tavernadospetulantes@gmail.com

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sobre o filme Rio e o Brasil


Hoje a tarde foi atípica e incrivelmente agradável e risonha.
Fomos em bando ver o filme Rio devido à brilhante idéia do professor de Micro de não aparecer.
Seria desinteressante comentar sobre as gargalhadas imensas ou sobre a beleza da "locação" do filme, reproduzindo quase perfeitamente as ruas e becos do Rio de Janeiro.
Fui levada pelos fatos a pensar no Brasil que não é tão colorido nem traz tantas gargalhadas assim. Nem no carnaval.


Na produçao americana, além da Arara azul - protagonista - também foi apresentado ao mundo uma outra personagem brasileira:
Um menininho de uns 10 anos, carioca, negro.
Sua primeira aparição se dá na cena de um crime: um roubo (de um animal) para servir ao tráfico (de pássaros) e ser explorados pelos bandidos.
Não fora o eufemismo necessário a um filme infantil, o tráfico não seria de aves e teríamos então um retrato ainda mais fiel da nossa sociedade.
No meio de tantos risos durante o longametragem, choca a cena desse menininho que pede abrigo aos traficantes dizendo: "não tenho casa, nem mãe, nem irmão, nem ninguém". O desamparo de uma criança que assiste a felicidade espontânea do carnaval em diversas famílias e termina abrigado pelos telhados de um beco da favela.

Enquanto isso, na vida real, me deparei ontem com uma outra cena quase cinematográfica de tão absurda:
3 meninhos de uns 10 anos, capixabas, negros.
Estavam brincando na Praça dos Namorados. A brincadeira: o maior segurava o menor e o do meio tentava queimá-lo com fogo aceso um papel de jornal. Os pedestres param para assistir, boquiabertos. Ninguém se move. O "prisioneiro" consegue se soltar, e os três amigos, visivelmente sob efeito de alguma droga, continuam gritando pelas ruas.
Duas senhoras de classe média voltando de sua caminhada contemplam a situação.
Seu comentário enquanto os meninos batem com um pedaço de madeira no canteiro: "Vê bem! é um absurdo essas crianças estragando a árvore desse jeito!"
O absurdo, claro, é o estrago da árvore e não o abandono infantil que assassina a vida de tantos jovens brasileiros. Seria cômico, se não fosse trágico.


Voltando à ficção, bem mais doce que a realidade, penso nas várias cenas do filme em que mulatas aparecem rebolando em seus mini-biquines cobertos de brilho. Aquela velha imagem repleta de sensualidade que representa o Brasil ao redor do mundo...

Enquanto isso, na vida real, ouço no rádio que o turismo sexual continua explorando centenas de mulheres e crianças pricipalmente na região norte e nordeste.
Segundo a Folha online:
Turismo sexual estimula prostituição infantil no Brasil

Um programa da BBC mostrou que crianças estão suprindo uma crescente demanda de turistas estrangeiros que viajam ao Brasil atrás de sexo e acompanhou as tentativas de controlar o problema.

A zona da prostituição no Recife está cheia de carros circulando em baixa velocidade ao lado dos grupos de garotas exibindo seus corpos.

Uma delas, P., está vestida com um top cor-de-rosa e uma minissaia. A menina de 13 anos concorda em falar comigo sobre sua vida como prostituta. Ela conta que trabalha na mesma esquina todas as noites até o amanhecer para financiar o vício dela e da mãe em crack.

"Normalmente eu tenho mais de dez clientes por noite", ela se vangloria. "Eles pagam R$ 10 cada - o suficiente para uma pedra de crack", diz.


http://www1.folha.uol.com.br/bbc/775561-turismo-sexual-estimula-prostituicao-infantil-no-brasil.shtml
http://colunistas.ig.com.br/cip/tag/turismo-sexual/


Diante desse trama real não há mais risos, nem gargalhadas, nem brilho.
E nós, vamos ficar só olhando?

Nessas condições é muito mais fácil ser só espectador. É difícil demais pensar em alguma ação efetiva que possa partir de nós. Mas vamos pelo menos pensar.

Nenhum comentário: