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domingo, 3 de abril de 2011

Qual a verdadeira importância dos Beatles para a música?

“All you need is love, love. Love is all you need.” (The Beatles)

“Se as pessoas não entenderam os Beatles e os anos 60, o que eu posso fazer? (John Lennon)


Antes de entrar na discussão musical, falemos um pouco sobre o famoso quarteto de Liverpool. Nenhum de nós que não tenhamos vivido os anos 60 saberemos a real febre que foi a Beatlemania, não importa o quanto leiamos, vejamos filmes e documentários.


John Lennon era mais do que um músico, era um ativista extremamente culto, um intelectual que lançava críticas a tudo o que julgava errado no mundo, e sua veia crítica despertou ainda mais quando o amor de sua vida, Yoko Ono, surgiu em cena. A mudança foi tão drástica que gerou o fim da banda. Nesta época ainda, Lennon e Yoko Ono bancaram com os próprios bolsos outdoors estampando War Is Over! em muitas capitais pelo mundo, pois desejavam ferrenhamente acabar com a caduca guerra do Vietnã através da conscientização da sociedade para as loucuras daquela guerra infame. Agora, imagine você vivendo em um mundo em que as capas dos jornais estampavam quatro irreverentes garotos e cujas críticas faziam um frio percorrer a espinha de muitos governantes inescrupulosos. Pois é, bem-vindo aos anos 60! É bem sabido hoje que toda vez em que John colocava os pés em território norte-americano, seus telefones eram grampeados pela CIA e FBI, o governo mais poderoso do mundo temia-o, e muito. Os Beatles eram mais respeitados e admirados do que qualquer instituição, governo, pessoa ou marca em todo o globo.

Certa vez, porém, houve um pequeno turbilhão nessa história, Lennon afirmou em uma polêmica entrevista que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. Este fato gerou uma onda de indignação nas comunidades religiosas mais conservadoras de tal forma que em alguns pontos do planeta parecia que a Santa Inquisição havia retornado à ativa, as igrejas, por meio de seus canais de rádio, propagavam atos de retaliação à banda inglesa, pais, parentes e vizinhos pegavam pôsteres, LPs e tudo o mais relacionado a banda e queimavam em fogueiras públicas, sem contar os boicotes aos shows. Os Beatles, por conseguinte, especialmente pela voz de seu maior líder e causador de toda a discórdia, John Lennon, retratou-se publicamente.

Dito isto tudo, voltemos ao que realmente interessa – a música. Embora Paul McCartney seja multiinstrumentista, nenhum Beatle é tecnicamente virtuoso. John, Paul, Ringo e George, não têm como diferencial a técnica, e sim a composição, principalmente os dois primeiros. John Lennon e Paul McCartney são gênios. Como ouvir as belíssimas baladas Lei It Be e Hey Jude e não gostar?

Se você, caro leitor, ouvir dizer que os Beatles não têm tanta importância para a música, há duas opções – essa pessoa não sabe nada de música ou é anti-Beatles. Não tem como ser diferente, quer dizer, ele pode ser as duas coisas também, quem sabe? A verdade é que o quarteto de Liverpool revolucionou a música. O baixo de Paul McCartney, a bateria de Ringo Starr, e as guitarras de John Lennon e George Harrison eram simples, geniais e revolucionários, o que eles faziam era diferente de tudo até então. Os Beatles foram simplesmente um divisor de águas na história da música, influenciaram quase tudo o que veio depois deles, direta ou indiretamente.

Indubitavelmente eles foram a banda com o maior número de hits da história, os mais bem-sucedidos comercialmente, porque além de suas canções serem de mais fácil assimilação que outras bandas da época ou pouco depois, e contarem com a simpatia de muitos críticos musicais, o formato das músicas era ótimo para as rádios, ao contrário das quilométricas músicas de Pink Floyd, YES e companhia. Os Beatles foram, além disso, um dos primeiros a utilizarem elementos clássicos em suas composições, como é evidente em All We Need Is Love, beberam na fonte do folk, tão em voga pelo genial Bob Dylan, tiveram ainda influência da música psicodélica a qual seria intensamente lapidada pelos conterrâneos do Pink Floyd, sem contar que eles, com a fantástica Helter Skelter, criaram o embrião do estilo Metal – com guitarras distorcidas, baixo cortante e bateria avassaladora –, estilo este que seria timidamente trabalhado por Deep Purple e Led Zeppelin, mas tomaria forma mesmo com o polêmico, excelente e inovador Black Sabbath de Ozzy Osbourne e Toni Iommi.

Muito embora não seja fã do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, que contém os clássicos Lucy in the Sky with Diamond – clara alusão ao LSD tão usado na década de 60 como um dos simbolos do movimento da contra-cultura –, With A Little Help From My Friends, A Day In The Life e a faixa-título, é o mais inovador e influente do Rock e da música em geral, por causa da técnica de gravação, do extremo experimentalismo musical e da diferente e colorida capa que contém, além do quarteto em trajes de sargentos, vários ícones da história da humanidade, como Marylin Monroe, Karl Marx, Marlon Brando, Bob Dylan, Edgar Allan Poe, Oscar Wilde, Albert Einstein e muitos outros. Este álbum soa como se dissessem “abram a mente, a música não é restrita a um único estilo!” Digo isso porque o disco possui canções orquestradas, ainda utilizaram instrumentos característicos de músicas orientais, como hinduístas, sons de animais, jazz e muito mais, ou seja, uma verdadeira mistura, saindo da obviedade, do tradicional, caracterizando um turbilhão de influência e inspiração musical, aumentando os limites da música, como em nenhum outro álbum deles.

Na verdade o único álbum dos Beatles que eu escuto sem pular uma única faixa, dada, na minha opinião, sua coesão e homogeneidade, é o Abbey Road, que tem os clássicos Come Together, Oh! Darling, I Want You (She’s So Heavy), Here Comes The Sun e Carry That Weight, e é o penúltimo da carreira, lançado em 1969, daquela antológica e tão parodiada capa em que os quatro atravessam uma faixa de trânsito. Aliás, quem já teve o prazer ou desprazer, de estudar biologia celular no primeiro período pelo The Cell, também chamado de Alberts, na contra-capa há uma evidente homenagem aos Beatles em que os autores do livro atravessam uma faixa de trânsito de forma idêntica, e em outra edição há uma paródia da capa do Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.

Depois veio o derradeiro Let It Be (que Maiser deu de presente de amigo X na festa de natal da turma para o Thomaz), cuja faixa-título é pra mim uma das melhores canções da banda, o piano de Paul McCartney soa triste, o solo de guitarra segue a mesma linha melancólica, sem contar os vocais bem trabalhados e a letra fantástica. Neste disco temos ainda Get Back e Across The Universe. E foi nesta época que Lennon teve a brilhante idéia de fazerem um concerto no telhado da Apple, cuja apresentação está no filme/documentário Let It Be, nem precisa dizer que as pessoas foram se aglomerando na rua e nas sacadas dos prédios vizinhos, não é? A apresentação, no entanto, durou apenas quarenta minutos, ou melhor, até a polícia chegar ao local.

Hoje apenas Paul McCartney e Ringo Starr continuam vivos, sendo que apenas aquele ainda faz música. O ex-Beatle parece uma espécie de dinossauro em extinção que por onde passa carrega uma legião de fãs e curiosos, as pessoas anseiam vê-lo como se fosse para comprovar que os Beatles de fato existiram, cantar as canções que fizeram época, marcaram e influenciaram gerações e que continuarão a influenciar, pois o legado do quarteto de Liverpool é eterno. E o mais impressionante é que para alcançarem todo este legado não precisaram sequer de dez anos de carreira.

A importância dos Beatles é, portanto, inestimável para a música, criaram clássicos atemporais, fizeram música por amor, e souberam como ninguém ler o contexto político-social de sua época e levá-lo às suas canções, como em Revolution. A bem da verdade, Beatles, Jimmi Hendrix, Janis Joplin, Pink Floyd, Black Sabbath, Bob Dylan, Queen, The Who, The Doors, e outros mais não fizeram música, fizeram história. E em síntese, John Lennon e companhia nos mostraram que devemos valorizar o amor, a boa música, sermos críticos, nunca passivos e termos ideais. E quando eles cantavam aos plenos pulmões All you need is love, hoje vemos mais do que nunca que eles estavam perfeitamente corretos, porque no fim de tudo “love is all you need”.

Um comentário:

Jeff disse...

Muito bom o post. Estou fazendo um post relacionado e precisava conhecer um pouco mais sobre a importancia desses caras. Vlw