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sábado, 16 de abril de 2011

A falsidade política

“Mas enquanto houver miséria, enquanto houver Terceiro Mundo, pode ter certeza meu amigo, que não haverá paz no mundo.” (Jorge Amado)



Confesso que este não seria meu post, mas resolvi fazê-lo porque recentemente o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, também conhecido por FHC, disse que o PSDB, seu partido político, deveria largar o ‘povão’ e voltar as atenções à classe média – provavelmente pelo fato de o Bolsa-Família estar imbatível e a classe média tenha aumentado consideravelmente nos últimos anos. Até onde sei, entretanto, para que alguém possa desistir de algo precisa ter ido em busca anteriormente. E desde quando o partido tucano e seu fiel aliado Democrata (DEM e ex-PFL) se preocupam verdadeiramente com as classes sociais baixas?


Essa declaração soa-me cômica e, de certo modo, trágica. Fico pensando como alguém tão estudado e que está na vida política há tanto tempo pode dizer uma coisa assim... Este cidadão, reconhecido internacionalmente por seu grau de intelectualismo, e tão ovacionado pela maior revista de circulação brasileira, a VEJA, e outros setores mais conservadores, como “o intelectual e sociólogo FHC” cometeu uma tremenda falsidade ideológica. Uma coisa seria o PT desistir do povo, outra coisa é um partido elitista desistir do povo. FHC quando eleito em 1994 era visto não como uma espécie de salvador, e sim de estadista, de um homem cujo conhecimento pleno da engrenagem sociológica deste Brasil poderia fazer muito, romper muitos laços oligárquicos, criar um novo país. Criou o Real e manteve nossa nação estabilizada por alguns anos, lembro que meus pais viviam felizes no início de seu governo. Nada como o tempo. A miséria continuou um problema irretocável, os poderosos continuaram a dar plenamente as cartas, privatizou quase todas as estatais a preços pífios, enfrentamos crises financeiras...

A questão social no Governo FHC nunca foi o foco, até porque você esperaria que alguém da elite voltasse os olhos para o povo? Muitos esperavam, pois ele tinha plenas condições, conhecia como poucos a maquinaria social brasileira. Mas não, doce ilusão. Além disso, manteve-se no poder por mais quatro anos, reeleição era proibida, porém nada que um Congresso cheio de aliados não conseguisse. Nesta altura você deve estar pensando que sou petista. Meus parabéns. Está errado. Com efeito, não votei no PT eleição passada, tampouco nos tucanos. Aliás, não tenho partido político, mas ideais, ideais estes que não compactuam com a corja PSDB-DEM. E indubitavelmente o Governo petista não está sendo bom, porém melhor que o anterior está. Vejam os números, a maioria deles indica melhoria na questão social. É como se diz, os números são frios.

É verdade que poderia listar muitas falsidades ideológicas dos petistas também, no entanto nenhuma será mais grandiosa que de nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – o sociólogo intelectual. A política está aí, como sempre cheia de ideologias e falsas promessas. E talvez a maior decepção da vida deste senhor intelectual e sociólogo – tão aclamado pelos setores mais reacionários de nossa sociedade – seja que seu governo tenha sido pior do que de um ex-sindicalista que nunca estudou na vida. Então, fica a pergunta que não quer calar: como alguém almeja governar um país como o nosso sem dar atenção devida à classe mais pobre? A violência tenderá só aumentar, as disparidades aprofundar-se-ão, o povo continuará ignorante e toda a sociedade, inclusive a intocável elite, perderá com isso. Quer dizer, com a ignorância popular a elite sempre ganhará, desde o Império Romano ela se beneficia com seus mecanismos alienadores.

Nas próximas eleições pense bem antes de votar, você votaria em partidos e políticos cujas propostas não estão calcadas maciçamente na questão social em um país marcado ainda pelas desigualdades, violência exacerbada, saúde e educação medíocres? Pois bem, eu não, como sempre. Espero, sinceramente, que você também não.

2 comentários:

Eduardo Pandini disse...

Faço minhas as suas palavras, caro Linik. Acho que FHC se esqueceu de que é o que o PSDB vem fazendo na prática há uns bons anos. O feudo político deles é, inegavelmente, São Paulo, Minas e Paraná, e o eleitor típico deles é o médio-classista que lê a Veja toda semana, assiste o William Bonner toda noite, diz que seu dinheiro "sustenta os miseráveis do resto do Brasil" e diz que o pobre vive melhor do que ele.
Sem apoio popular, nem o PSDB nem partido nenhum vai para frente. Sem priorizar a melhora das condições de vida dos mais pobres, nenhum governante terá sucesso. Apesar de achar que o modo de governar do PT esteja bastante ultrapassado, isso eles conseguiram fazer bem - e colhem os frutos. Uma das contribuições positivas dos petistas é o começo da extinção dos tucanos. Mas na eleição que vem estou sentindo cheiro de coisa pior. De Jair Bolsonaro, por exemplo...

Alexandre Filho disse...

Esse é meu garoto!!! rsrs